terça-feira, 12 de agosto de 2008

a harmonia do coletivo

As cerimônias de abertura dos jogos olímpicos são sempre eventos vistosos, bonitos, emocionantes. Mas nunca vi nenhum que tivesse prezado tanto pela harmonia e pela coletividade quanto a abertura dos jogos de Pequim. Além do espetáculo de cores e sons, de tradições e tecnologias, de conquistas reais e feitos simbólicos, a Olimpíada começou com uma demonstração jamais vista de trabalho em conjunto, não de uma mente, mas de centenas, em perfeita harmonia e coordenação. É como se cada um tivesse abdicado de aparecer, em benefício do todo; esquecido de si para mostrar o grupo; suprimido a consciência individual para dar espaço à manifestação coletiva.

Numa época em que falamos de evolução humana a novo patamar de consciência, parece claro que o caminho a trilhar é a busca da consciência coletiva, da expressão maior daquilo que compartilhamos todos nós, seres humanos, e que sabemos reconhecer como verdade coletiva, lá no fundo de nossas existências individuais, independentemente da origem, da forma, da manifestação. E a verdade coletiva mostrou-se plena em Pequim. Não tivessem chegado a esse nível de evolução da consciência em direção ao coletivo, os chineses jamais teriam sincronizado de modo tão perfeito as batidas de tambores, a contagem regressiva espetacularmente precisa, os blocos em movimento uníssono. O trabalho coletivo foi tão impresssionante que as performances individuais, também fantásticas, foram menos notadas. E mesmo estas foram inseridas no contexto evolutivo da coletividade, das conquistas históricas e culturais provenientes daquela parte do mundo, que agora assume expressão plena, ao mostrar uma verdade de alcance global.

O colunista David Brooks, em sua coluna do New York Times de hoje, para o qual faço o link no título deste post, faz ótima comparação entre o sonho americano, de construção de uma sociedade com base no sucesso individual, na empreitada privada, e a harmonia oriental, de uma coletividade harmônica como expressão cultural máxima de um povo ou nação. Vale refletir até que ponto nosso individualismo exacerbado, à la americana, continua sendo a chave para o futuro.

Um comentário:

Einstein disse...

Coletivo? E aquela garotinha chinesa que cantou sozinha e a turma daqui insiste em dizer q foi play back?