sexta-feira, 26 de setembro de 2008

evolução

Charles Darwin descreveu o processo de seleção natural e evolução das espécies. A ponta-de-lança desse processo é o ser humano: nada mais evoluído foi ainda descoberto no Universo conhecido.

Fomos o resultado de bilhões de anos de evolução, desde que a poeira cósmica do Big Bang começou a fixar-se na órbita dessa estrela secundária que chamamos Sol e os primeiros elementos da vida por aqui apareceram. De organismos unicelulares e amorfos, as espécies surgiram e se diversificaram. Antes de nós, habitaram o planeta mastodontes e dinossauros. Eles se foram, por conta de uma colisão de asteróide, e os mamíferos, até então seres rastejantes e escondidos em valas e cavernas, herdaram a Terra.

Em determinado momento crítico da história planetária, algum ancestral comum a nós e aos símios diferenciou-se, dominou o fogo e, tendo como arma a pedra lascada, impôs-se às demais espécies. Desde então, a evolução só se acelerou. Viramos bípedes, cultivamos a terra, domesticamos as feras, fizemos guerras, inventamos deuses, fixamo-nos em aldeias que viraram vilas que que se uniram em tribos que viraram nações que hoje são países.

A espécie humana desenvolveu a capacidade de pensar a si mesma, o que a diferencia de todas as demais espécies sobre a Terra. "Penso e sei que penso", "penso, logo existo" e muitos outros anátemas de nossa existência foram ditos e repetidos ao longo dos séculos. Tudo nos levou a crer que a evolução havia chegado ao ápice, que nossa espécie, feita "à imagem e semelhança do Criador", era o destino final de todo esse longo processo evolutivo.

E se estivermos só a meio caminho? Quer dizer, se nós não formos ainda a espécie mais desenvolvida possível, e estivermos aqui só para passar adiante esse ímpeto criador que começou lá atrás, com o Big Bang, e que está ainda ativo nos nossos cromossomos e em todas as manifestações da vida? E se formos nós os herdeiros da criação e tivermos então a responsabilidade de avançar a algo novo, totalmente impensado, mais evoluído e consciente do que nós jamais tivemos a capacidade de ser? E se uma nova e mais evoluída espécie estiver a caminho para nos substituir como senhores do planeta?

Pareceria estranho que tivéssemos chegado ao cume da criação - que todo o processo de evolução do universo fosse resultar num ser capaz de criar maravilhas e, ao mesmo tempo, causar destruição e morte. Olhe o mundo à sua volta: desespero, fome, guerra, terrorismo, egoísmo, inveja, ódio. Serão essas características compatíveis com o objetivo maior da criação? São elas compreensíveis se estivermos de fato no último e mais avançado estágio da evolução da vida?

Suponhamos que não, não somos nós, seres humanos, os ideais finalísticos da força criadora que impulsiona o Universo desde o princípio dos tempos. Só por um momento, vamos deixar de lado nossa vangloriosa capacidade de imaginarmo-nos como o que há de mais perfeito no Universo. Poderíamos concluir que estamos aqui com um propósito: preparar o terreno para o surgimento de uma consciência maior, superior à nossa, que elimine de vez os flagelos que impomos aos nossos próprios irmãos. Se este é o caminho da evolução, qual será então o futuro ser, pós-humano e pós-moderno, resultado de nosso próprio processo de criação consciente do futuro na Terra?

Em tempos de crise de valores, crise ética, moral, social, ambiental, econômica, humana, essa não parece ser uma reflexão descabida. O mundo que queremos criar para nós e legar ao futuro requer desapego, abertura ao novo, rejeição de tabus e dogmas. Requer sobretudo idéias, muitas idéias criativas - eis a própria essência da criação, em processo contínuo nas nossas consciências individuais e na evolução para a nova consciência, que será, imagino, coletiva e universal. Mas esse já é assunto para outro papo.

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