quinta-feira, 20 de junho de 2013

Ninguém segura esse País!

"Todos juntos vamos, prá frente Brasil, do meu coração"

Quem diria que o ufanismo da pré-Copa de 1970 seria reinventado pelas ruas do Brasil, quatro décadas mais tarde, numa versão anarco-estudantil-anti-tudo-o-que-está-aí! Ao ver as imagens de Brasília, observo símbolos da Nação, como o Meteoro do lago do Itamaraty, sendo reivindicados como troféus de uma turba ensandecida.


Mais além do civismo de protestar por um Brasil melhor, de dar vazão à insatisfação generalizada que assola a Nação, aguarda-nos uma pergunta: quando é que o povo vai dar-se por vitorioso? O que será preciso para terminar o movimento?


À força, já se viu que não vai. O povo precisa de uma vitória clara, concreta. O protesto é histórico e inédito, o fim de uma guerra não reuniria tanta gente. Requer uma mundança igualmente histórica para justificar o esforço. Baixar o preço das passagens já não basta. A espontaneidade das ruas adquiriu valor político inigualável, capaz de abalar as estruturas do País. Não há como voltar atrás.


A ausência de liderança que sintetize e conduza o anseio coletivo só adiciona mais pólvora a essa bomba-relógio que vemos aproximar-se do ponto de detonação. O perigo é iminente: um passo em falso, uma morte desavisada, uma reação exagerada pode deflagrar situação de caos muito maior, com risco sério de radicalismos e repressão verdadeira. A infiltração de oportunistas, de direita ou de esquerda, adiciona cenários mais complexos para um possível desfecho da situação.



Imagino que os governantes, diante dos fatos, só devem pensar no quê oferecer em sacrifício coletivo, para acalmar a turba. Renúncia? Impeachment? Reformas de base? Cancelamento da Copa? Ato Institucional que decrete estado de exceção para restauração da ordem? Não me parece que qualquer opção esteja descartada.


No entanto, até agora, as instituições políticas estão tão perplexas quanto imobilizadas. Partidos não encontram espaço. Sindicatos, aliás inativos desde o início da era PT, não precisaram convocar greve. Movimentos sociais organizados não lideram com palavras de ordem. A Presidente ensaiou palavras de apoio, que não fizeram eco na multidão. Prefeitos limitam-se a reduzir os preços de passagens, na vã ilusão de que atenderiam o que o povo quer.



Ninguém segura o meu Brasil varonil! Algo de muito grande e significativo vai acontecer, tem que acontecer. Só espero, rezo, desejo com todas as minhas forças, que seja para o bem, para a paz, para melhor. Ainda que algumas virgens tenham que ser sacrificadas em ode à deusa anarquia.


Nenhum comentário: