Neste início de milênio, é urgente que comecemos a definir um novo contexto filosófico, moral e espiritual que, com profundidade e amplitude de visão, seja capaz de incorporar a natureza multidimensional da manifestação humana, em toda a sua complexidade.
A parte mais importante desse projeto é, quero crer, o desejo de transformação das relações humanas, mediante a união de indivíduos em torno de um propósito maior, de modo a que mais e mais de nós sejamos capazes de intuir diretamente da fonte os contornos e parâmetros desse novo contexto social, na dianteira da evolução da própria consciência humana.
(inspirado em Andrew Cohen)
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
o coletivo não tão harmônico
As reações que recebi ao texto anterior, sobre a 'harmonia do coletivo' demonstrada na abertura da Olimpíada, me fizeram repensar o que escrevi. Parece que a harmonia chinesa resulta de processo forçoso e autoritário. A supressão do indivíduo existe por imposição do poder público. A coordenação dos movimentos, que dá a impressão de tanta conexão entre os pares, seria o resultado de um treinamento marcial, feito por soldados do exército vermelho. Em resumo, a harmonia é exterior, tem efeito bonito, mas não encontra eco na consciência individual.
Mas não desisto da minha busca por exemplos de harmonia da coletividade. Acredito no surgimento de uma consciência pós-indivíduo, por meio da reunião de pessoas que, por estarem tão integradas e conectadas, superem o ego em favor da manifestação coletiva. Esse é para mim o próximo passo lógico e natural no processo evolutivo da nossa espécie.
'Harmonia', aliás, é um importante quesito de avaliação das escolas de samba no nosso carnaval. Será que as escolas de samba poderiam ser exemplos tupiniquins dessa harmonia do coletivo? O maior show da terra seria a nossa demonstração da capacidade de ação coletiva de forma coordenada e harmônica?
O resultado é bonito. Quem já desfilou na Sapucaí deve ter experimentado, como eu experimentei, a euforia inigualável de ser parte da escola; a sensação de anular a individualidade para permitir a manifestação do grupo, sendo cada um parte essencial dele; a resposta imediata - e também coletiva - da arquibancada.
O fato é que, independentemente da existência de exemplos pontuais e esporádicos de harmonia coletiva, o grau de consciência da humanidade, que segue privilegiando o individualismo e a competição, não permite ainda que migremos para manifestações realmente autênticas e espontâneas dessa harmonia. Ou seja, temos um mundo a construir.
Mas não desisto da minha busca por exemplos de harmonia da coletividade. Acredito no surgimento de uma consciência pós-indivíduo, por meio da reunião de pessoas que, por estarem tão integradas e conectadas, superem o ego em favor da manifestação coletiva. Esse é para mim o próximo passo lógico e natural no processo evolutivo da nossa espécie.
'Harmonia', aliás, é um importante quesito de avaliação das escolas de samba no nosso carnaval. Será que as escolas de samba poderiam ser exemplos tupiniquins dessa harmonia do coletivo? O maior show da terra seria a nossa demonstração da capacidade de ação coletiva de forma coordenada e harmônica?
O resultado é bonito. Quem já desfilou na Sapucaí deve ter experimentado, como eu experimentei, a euforia inigualável de ser parte da escola; a sensação de anular a individualidade para permitir a manifestação do grupo, sendo cada um parte essencial dele; a resposta imediata - e também coletiva - da arquibancada.
O fato é que, independentemente da existência de exemplos pontuais e esporádicos de harmonia coletiva, o grau de consciência da humanidade, que segue privilegiando o individualismo e a competição, não permite ainda que migremos para manifestações realmente autênticas e espontâneas dessa harmonia. Ou seja, temos um mundo a construir.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
a harmonia do coletivo
As cerimônias de abertura dos jogos olímpicos são sempre eventos vistosos, bonitos, emocionantes. Mas nunca vi nenhum que tivesse prezado tanto pela harmonia e pela coletividade quanto a abertura dos jogos de Pequim. Além do espetáculo de cores e sons, de tradições e tecnologias, de conquistas reais e feitos simbólicos, a Olimpíada começou com uma demonstração jamais vista de trabalho em conjunto, não de uma mente, mas de centenas, em perfeita harmonia e coordenação. É como se cada um tivesse abdicado de aparecer, em benefício do todo; esquecido de si para mostrar o grupo; suprimido a consciência individual para dar espaço à manifestação coletiva.
Numa época em que falamos de evolução humana a novo patamar de consciência, parece claro que o caminho a trilhar é a busca da consciência coletiva, da expressão maior daquilo que compartilhamos todos nós, seres humanos, e que sabemos reconhecer como verdade coletiva, lá no fundo de nossas existências individuais, independentemente da origem, da forma, da manifestação. E a verdade coletiva mostrou-se plena em Pequim. Não tivessem chegado a esse nível de evolução da consciência em direção ao coletivo, os chineses jamais teriam sincronizado de modo tão perfeito as batidas de tambores, a contagem regressiva espetacularmente precisa, os blocos em movimento uníssono. O trabalho coletivo foi tão impresssionante que as performances individuais, também fantásticas, foram menos notadas. E mesmo estas foram inseridas no contexto evolutivo da coletividade, das conquistas históricas e culturais provenientes daquela parte do mundo, que agora assume expressão plena, ao mostrar uma verdade de alcance global.
O colunista David Brooks, em sua coluna do New York Times de hoje, para o qual faço o link no título deste post, faz ótima comparação entre o sonho americano, de construção de uma sociedade com base no sucesso individual, na empreitada privada, e a harmonia oriental, de uma coletividade harmônica como expressão cultural máxima de um povo ou nação. Vale refletir até que ponto nosso individualismo exacerbado, à la americana, continua sendo a chave para o futuro.
Numa época em que falamos de evolução humana a novo patamar de consciência, parece claro que o caminho a trilhar é a busca da consciência coletiva, da expressão maior daquilo que compartilhamos todos nós, seres humanos, e que sabemos reconhecer como verdade coletiva, lá no fundo de nossas existências individuais, independentemente da origem, da forma, da manifestação. E a verdade coletiva mostrou-se plena em Pequim. Não tivessem chegado a esse nível de evolução da consciência em direção ao coletivo, os chineses jamais teriam sincronizado de modo tão perfeito as batidas de tambores, a contagem regressiva espetacularmente precisa, os blocos em movimento uníssono. O trabalho coletivo foi tão impresssionante que as performances individuais, também fantásticas, foram menos notadas. E mesmo estas foram inseridas no contexto evolutivo da coletividade, das conquistas históricas e culturais provenientes daquela parte do mundo, que agora assume expressão plena, ao mostrar uma verdade de alcance global.
O colunista David Brooks, em sua coluna do New York Times de hoje, para o qual faço o link no título deste post, faz ótima comparação entre o sonho americano, de construção de uma sociedade com base no sucesso individual, na empreitada privada, e a harmonia oriental, de uma coletividade harmônica como expressão cultural máxima de um povo ou nação. Vale refletir até que ponto nosso individualismo exacerbado, à la americana, continua sendo a chave para o futuro.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Duas leis básicas para gerenciar seu stress
Primeira Lei: Não se importar com ninharias.
Segunda Lei: Tudo é ninharia.
(Robert Eliot)
Segunda Lei: Tudo é ninharia.
(Robert Eliot)
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Engreno: um poema
Engreno
Máquina em movimento
Pára não pára não pára não pára
Mecânica da vida sem cor
Roda dentada engata corrói
Silvo sem alvo salto com dor
Paro de sobressalto:
Apito aviso anúncio marcador
Tens pele tens alma tens fervor
Máquina humana
Homem sem amor
Dor
Máquina em movimento
Pára não pára não pára não pára
Mecânica da vida sem cor
Roda dentada engata corrói
Silvo sem alvo salto com dor
Paro de sobressalto:
Apito aviso anúncio marcador
Tens pele tens alma tens fervor
Máquina humana
Homem sem amor
Dor
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