sexta-feira, 8 de maio de 2009

eixos



Em ordem de magnitude, ainda não chegamos no limite do menor nem do maior, se é que esse limite existe. Tome um átomo, por exemplo. Já se sabe que o interior do átomo é um grande vazio, e mesmo assim ele tem diversas partículas ainda menores (cerca de 16 comprovadas até agora). Prótons, nêutros e elétrons são as mais conhecidas. Enquanto prótons e nêutrons se aglomeram no núcleo do átomo, os elétrons desenvolvem órbita ao redor desse núcleo, o que faz supor a existência de um eixo central no átomo, em torno do qual eles todos se orientam. O eixo não é visível, não é outra partícula, nem alguma força subatômica que impede os elétrons de abandonarem livremente os núcleos atômicos. Mas o eixo pode ser imaginado e matematicamente deduzido. Na verdade, sem um eixo de referência, fica difícil conceber a estrutura atômica.

Um elétron, por sua vez, tem eixo próprio, que o faz girar em torno de si mesmo, tal qual a Terra e os planetas obedecem ao movimento de rotação. Ou as estrelas, como o nosso sol, que além de expandir-se em ondas de luz e calor, também giram em torno de si próprias. Recentemente, descobriu-se que a galáxia também tem um eixo em seu centro, no qual se comprovou haver um buraco negro, fonte de atração gravitacional que impede que sistemas solares como o nosso saiam à deriva pelo imenso e vazio universo.

Uma árvore tem um eixo, sobe desde o centro da Terra em direção ao espaço infinito, e sua estrutura orgânica se desenvolve em torno dessa linha imaginária que perpassa o seu centro de gravidade. Se observarmos bem, todo ser vivo tem um ou mais eixos que descrevem simetrias, reflexos e campos de energia. 

No plano simbólico, também temos cada um de nós um eixo, em torno do qual desenvolvemos nossa própria concepção da existência. O desenvolvimento da percepção, da linguagem, da consciência individual segue um vórtice espiral ascendente, que se expande em torno desse eixo invisível, no mais das vezes inconsciente, porém absolutamente imprescindível para a agregação dos átomos e moléculas em tecidos e órgãos que de forma harmônica se reúnem nessa sinfonia em constante recriação, e que nos dá o mistério da vida.

Poderíamos facilmente supor a existência de um único eixo, reproduzido em múltiplas dimensões da realidade e do pensamento, mas sujeito a uma só lei, que no plano físico se manifesta nas forças de atração gravitacional e de expansão universal. Poderíamos também supor que, no plano simbólico, o eixo da vida seria a referência tanto para a força centrífuga de expansão da consciência quanto para a força centrípeta que nos mantém com os pés no chão, fixos na realidade do tempo-espaço que agrega, reduz, realiza toda a experiência humana. 

Não será, enfim, toda a realidade, ou a árvore da vida, nada mais do que um eixo que tudo agrega, do microscópico ao intergaláctico? E nossa missão de vida, não será ela sintonizar, seja por intuição seja por vontade, com o eixo que em tudo se manifesta, e cujo destino seja realizar a si mesmo, também por nosso intermédio?

Você já parou para pensar qual é o eixo da sua existência? Qual a linha que, independente das intempéries e vicissitudes do mundo, descreve o caminho de onde você vem e para onde vai, sem limites de tempo nem espaço? Será que seu eixo está em sintonia com o eixo do planeta? do sol? da galáxia? Os átomos que compõem o seu organismo vibram também nessa mesma sintona? Sua mente é capaz de parar uns segundos e permitir que você se refugie, pelo menos por alguns instantes, na solidez, na imutabilidade, na verdade absoluta do eixo da sua vida?

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