domingo, 11 de janeiro de 2009

transformação

Você acredita que as mudanças no mundo estão acelerando-se, como se o próprio tempo passasse cada vez mais depressa? Tem essa sensação às vezes? Consegue perceber o que está mudando à sua volta?  

Na edição mais recente da revista Shift (1), há um artigo interessante e muito 
bem escrito, de autoria do psicólogo Edmund J. Bourne, sobre a aceleração das transformações em curso. O Dr. Bourne inicia com a idéia de que nossa civilização está diante de uma encruzilhada: não é viável prosseguirmos com nossas tendências de crescimento econômico e consumo material ilimitados. É como se a humanidade estivesse prestes a deixar a adolescência e dar-se conta de que precisa aprender a zelar pelos recursos do planeta. Pela necessidade de gerirmos a Terra de forma sustentável, a cooperação entre as nações terá de se impor e superará finalmente o conflito. Tais valores e inclinações já são hoje percebidos em cerca de 10 a 20 por cento da população mundial, mas só prevalecerão quando os desafios globais atingirem massa crítica. É por isso que os problemas que vemos hoje, derivados da mudança do clima, dos distúrbios ecológicos, da escassez de recursos (água, comida em algumas partes do globo) e da pobreza estão acelerando-se tanto: em breve, atingirão um ponto tal que irão forçar a necessidade de mudar drasticamente as prioridades de vida na nossa sociedade. 

No artigo, o Dr. Bourne apresenta uma lista de perspectivas que ajudam a acompanhar melhor o que está sendo alterado no paradigma da nossa consciência social: 
  • universo consciente: superação da visão mecanística do mundo, que passa a ser compreendido como um processo criativo, com atributos de auto-organização e intencionalidade, e ao qual nós estamos ligados de maneira integral; 
  • realidade multidimensional: passamos a reconhecer o real além dos limites do mundo físico, a existência de dimensões sutis que formam a matriz do universo físico que visualizamos;
  • interconexão: nossas mentes estão todas reunidas numa consciência coletiva. No nível mais profundo de nossas almas, nós somos todos um. 
  • complementaridade entre ciência e espiritualidade: ambos levam a uma compreensão do cosmos; a ciência, junto com as humanidades e as artes, aos aspectos subjetivos e simbólicos;
  • ética natural: o comportamento ético deriva da consciência interior, e não da moda ou dos padrões culturais;
A emergência desse novo paradigma de consciência afronta radicalmente a visão racional-materialista-consumista com a qual crescemos. A mudança é tão radical quanto a que o Renascimento trouxe à visão de mundo medieval. Retomamos uma imagem do cosmos que excede os limites da ciência objetiva. Essa transformação ensejará o surgimento de novos valores para a sociedade. Tais valores representarão o distanciamento da atual orientação materialista, rumo a uma orientação humanista-espiritual da vida. 

Quais serão esses novos valores? Que idéias representam melhor essa transformação? Não creio que se possa facilmente listá-los, nem esperar que alguém os apresente: elas emergirão na medida da evolução da consciência de cada um de nós. O que você acha? Isso é o mais importante.  

Referências:
Shifts - at the frontiers of consciousness. Revista trimestral publicada pelo Institute of Noetic Sciences (IONS). Edição nr. 21, dezembro/2008. 

2 comentários:

Angela Rosana disse...

Sem dúvidas, as mudanças estão acontecendo e as sentimos na pele. À medida que o tempo passa, temos essa impressão mais nítida. Quando eu tinha 12 anos, ficava imaginando que o mundo iria acabar no ano dois mil. E eu tinha convicção de que já teria vivido muuuito e que o mundo poderia mesmo já terminar, pois eu teria então TRINTA E DOIS ANOS!!! O mundo mudou, é certo, mas a maneira como o vemos também altera esta percepção.

Unknown disse...

Angela, obrigado pelo comentário! Acho que o que está em jogo nesse período de mudança acelerada por que passamos é a qualidade das nossas escolhas. Podemos reagir com violência, exclusão e egoísmo, ou podemos optar conscientemente pela solidariedade e união como valores essenciais para carregarmos conosco nessa travessia. É tudo uma questão de perspectiva. Tudo o que desejo é contribuir para que, no fim do túnel, possamos emergir para um mundo melhor, mais humano, civilzado, unido e em paz.