
Sugere o autor do blog que a evolução da consciência é um caminho a ser trilhado sozinho: não adianta dedicar esforços para tentar despertar os outros, quando ainda não lhes chegou o momento de perceber as amarras que os mantêm prisioneiros da Matriz que se alimenta da sua vitalidade e trabalho da mesma forma que vampiros do sangue de suas vítimas. Eventualmente, mais e mais pessoas despertarão para o lado "bom" da Força ...
Qual, então, a melhor postura? Como retirar poder de um sistema corrompido? Como ajudar a despertar o povo da ignorância? Como acelerar o surgimento de uma ordem mais justa e fraterna, baseada em escolhas conscientes e não dominadas pelas imposições do mercado, da política, da mídia, das religiões? Parece que não há outra postura a adotar a não ser voltar-se para si, fortalecer o poder interior, de modo a que cada indivíduo, a seu tempo, deixe de alimentar o poder externo, dominante. E para despertar os outros, é primeiro preciso despertar a si próprio e cultivar estado de consciência que ponha à mostra as amarras da existência.
Antes de mais nada, quer-me parecer que precisamos desenvolver nossa capacidade de atenção, na linha do "estar aqui e agora", "viver no presente", como escrito nas doutrinas mais antigas, secretas ou abertas, e renovado por autores recentes como Eckhart Tolle, Deepak Chopra, Andrew Cohen e outros. À atenção, adicionamos a intenção, como manifestação consciente do desejo de ser, em vez de fazer ou ter. Com atenção e intenção, podemos almejar a integralidade de nossas ações e pensamentos. Ser integral parece ser, para mim, o desafio ético do novo milênio. Creio haver fortes indícios de que a integralidade é condição para o próximo estágio da consciência humana, no qual estaremos muito mais habilitados a usar nossa intuição, em vez de nossa mente, como ferramenta de libertação do poder externo, sendo essa nossa verdadeira missão de vida.
Ia escrever sobre minha interpretação do Senhor dos Anéis, mas como isso é um blog, e num blog prefiro adotar estilo livre, espontâneo, acabei divagando. Mas deixo aqui o registro de que a trilogia adquiriu, para mim, outro significado, quando identifiquei o anel como simbolizando o ego, causa de todos os nossos males, que tenta nos dominar, atraindo-nos com a promessa de poder, na verdade falso poder, e nos mantém prisioneiros da nossa própria ignorância.

O ego precisa ser destruído como Frodo destruiu o anel, jogando-o na lava vulcânica, ao final de uma odisséia pessoal de enfrentamento dos próprios medos e expansão dos limites com vistas à libertação definitiva. Nessa perspectiva, até que o Senhor dos Anéis não está tão distante dos comentários sobre nossas amarras ao sistema corrupto e vil que nos cerca. Acordemos, pois!
Referências:
(1) Neil Kramer, "The Way of the Infinite Explorer" , blog The Cleaver (14/dez/2008).
(2) Imagem: Gollum, personagem do Senhor dos Anéis (site de origem da imagem).
(3) Imagem: Anel na lava vulcânica (site de origem da imagem).